Outra vez não.

por Administrador MCP

O coração da mamã não aguenta. Outra vez não. Mais uma vez sem qualquer sintoma de infeção, sem qualquer má disposição, tu tiveste outra convulsão. A terceira convulsão e desta vez a Mamã sentiu-se tão culpada, nem imaginas. Eu não podia ter adormecido, eu não podia ter cedido ao meu cansaço. Fui buscar-te à escolinha e vinhas super bem disposto, jantaste bem e foste dar a voltinha com o papá, o mano e a pinta.
A meio do percurso pediste para voltar para casa e quiseste colo. Algo muito estranho em ti. Assim que te despi, vi que os pelos das tuas pernas estavam arrepiados. Pedi um termómetro e tinhas 38°. Dei-te imediatamente o Ben u Ron e deitei-me contigo. Passaram cerca de 2h, a temperatura continuava nos 38°, pediste a minha mão e adormeceste. Sei que eu adormecia e acordava. Acordava e adormecia para ver como estavas. Juro-te que tentei manter-me sempre acordada, mas adormeci uns breves minutos e acordei com o teu corpo a tremer, os teus olhos fixos e a saliva a escorrer pela tua boca. Chamei pelo teu papá e mil vezes por ti. Desci para buscar a medicação em SOS (agora tenho sempre uma no quarto), e quando cheguei tu estavas a tremer ainda mais, tinhas os lábios roxos e a pele muito branca. Chorei, gritei, tive tanto medo de te perder. Administrei a medicação, peguei em ti ao colo e corri para o hospital. Assim que chegamos, entraste imediatamente com pulseira vermelha e não me deixaram entrar para a sala de observações. Nesses minutos, rezei, pedi e chorei. Chorei muito e culpei-me ainda mais. Não devia ter adormecido, devia ter ficado sempre acordada. Entretanto, pediram-me para entrar, porque tu não respondias aos estímulos e queriam que fosse eu a falar contigo. Agarrei-me à tua mão e disse “a Mamã está aqui, por favor olha para mim”. Tinhas máscara de oxigénio, montes de fios e por segundos lembrei-me da tua caminhada na NEO. Tiraram-te sangue e tu não tiveste qualquer reacção.  As enfermeiras estavam sempre a colocar-te compressas de água fria, por todo o corpo. Cada vez que elas colocavam mais compressas, tu tremias ainda mais e foi tão doloroso de ver.  Falei contigo novamente, esfreguei à tua mão e pedi “abre os olhos meu amor”. Passado pouco tempo tu abriste os olhos, choraste e disseste “Mamã. Oh mamã não quer”. Como eu queria ter a possibilidade de trocar contigo, de te tirar todas as dores. Fizeste análises e ficaste internado no hospital. Esta convulsão tinha sido pior que as anteriores, tinha demorado mais tempo a passar e tiveste outros sintomas mais graves. Outros sintomas que assustaram muito a Mamã, principalmente a alteração da cor dos lábios, a cor da pele e a falta de oxigenação. Meu amor desde o dia 16 de abril que não durmo sossegada, que todas as noites te trago para perto de mim. Foi uma convulsão, sei que há coisas piores, mas e se tu não tivesses ao meu lado naquela noite. Como teria sido. Passa tanta coisa na minha cabeça. Se eu pudesse protegia-te de tudo. Quem me dera conseguir meu amor, meu piolho.

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1 comentário

DIANA FERREIRA 14 Maio, 2019 - 13:32

Olá Ana. Já mandei msg via IG num outro episódio de convulsão do Fernandinho… Tenho um filho com 22 meses e com 13 meses e sem eu sequer saber do que se tratava, o Lourenço fez uma convulsão. Não foi comigo nem com o meu marido, o azar calhou à minha sogra, que é quem olha por ele diariamente. Ligou-me de repente durante a minha hora de almoço a pedir para ir ter com ela, desesperada e a dizer-me que o pequeno não estava bem. Eu trabalho a 30 kms de casa. Saí disparada do trabalho sem sequer conseguir pegar em nada a não ser na carteira e sem sequer conseguir dizer nada a ninguém. Pelo caminho foram-me ligando a dizer que já tinham chamado a ambulância, depois que já tinham chegado ao hospital, depois a dizer que ele já tinha entrado… Foi a viagem mais desesperante da minha vida, tinha o coração a querer sair-me do corpo e a angustia de não estar lá para o abraçar e não saber o que estava a acontecer…Do pior que já vivi!! Quando cheguei ao hospital só pedi para o meu marido que estava com ele no serviço saísse para eu poder entrar, para eu o poder ver, para eu lhe poder tocar. Nada do que me dissessem me acalmava! Quando entrei e o deitado numa maca, só de fralda, entubado e com um ar que eu nem sequer reconhecia, parecia que o chão tinha saído disparado debaixo dos meus pés! .. Continuava ali a ver os médicos de volta dele e continuava sem saber minimamente o que tinha acontecido, o que era aquilo!! Depois de ter sido ríspida e bruta comigo por eu estar a chorar compulsivamente e fora de mim, a médica de uma forma muito geral explicou-me o que tinha acontecido, que apesar de novo para mim era um episódio muito frequente nas urgências e em vários bebés e crianças e que as anáçises dele estavam bem e que, apesar de muito cansado, o meu pequenino estava bem. Fiquei ali minutos sem reacção a olhar para ele e quando me deixaram pegar nele e ficar com ele no meu colo, foi quando o meu coração acalmou. Mas a minha cabeça estava um turbilhão de inseguranças e, abraçada a ele e com ele no meu colo peguei no telemóvel e comecei a ler vários artigos no google sobre o assunto para ficar mais descansada e tentar perceber melhor. Ao fim do dia, quando ele despertou deram-nos alta e fomos para casa com ele e de coração apertadinho. Durante 2 ou 3 dias nem eu nem o pai o conseguimos deixar um segundo que fosse sozinho e estávamos constantemente dispertos e atentos ao mínimo barulho, ao mínimo suspiro. Quem é mãe/pai sabe bem o quanto desolador é ver um filho “passar mal”. O Lourenço é um menino saudável e felizmente não teve mais nenhum episódio até ao passado dia 14 de Abril. No sábado de noite eu e o meu marido começamos a acha-lo muito parado e mimalho e resolvi dar-lhe logo o ben-u-ron e, apesar de ter adormecido na cama dele, antes de nos deitarmos fomos buscá-lo para dormir na nossa cama. Achamos que fosse só receio nosso então durante a noite não tivemos a preocupação de acordar constantemente para ver a febre e a meio da noite estava apenas a 37.4. Acordamos perto das 9h da manhã com ele já a fazer uma nova convulsão. Saltamos os dois da cama, um começou a despi-lo, o outro foi buscar o medicamento de SOS, peguei nele (aqui desesperei porque o corpo dele estava tipo “corpo morto” meti-me dentro da banheira com ele para o molhar com água morna e só descansei quando ele recuperou os sentidos e chorou. Entretanto o meu marido tinha ligado para o 112 e quando chegaram lá fui com ele nu, só enrolado numa manta para o hospital. Analisaram-no todo, fizeram análises ao sangue, à urina e nada tinha, apenas febre, febre muito alta. Ainda era cedo para perceber de onde vinha a febre… Passadas uma horas e depois de ter voltado minimamente ao normal, voltamos para casa. Mais vigia constante entre mim e o meu marido! No dia a seguir ao o levar-mos ao pediatra percebemos que estava com uma inflamação na garganta! Depois de todo um frasco de antibiótico, recuperou e lá sossegamos mais um bocado. No dia 1 de Maio e, por ter feito um resfriado por ter estado com os pés na piscina, no dia 2 de Maio voltou a fazer uma convulsão. Passou a noite com febre, fomos fazendo a medicação de 4 em 4 horas e de manhã, num minuto estava com 37 como no outro minuto já estava com 39.5… Desta vez fizemos tudo como nos tinham dito no hospital para fazer, a convulsão apesar de ter parecido uma eternidade não deve ter durado mais de dois minutos e depois. Depois da medicação e banho, aconcheguei-o no meu colo para ele dormir e dormiu cerca de 3 horas. Quando acordou, apesar de cansado, estava quase na sua normalidade. Toda esta história, todo este testemunho, para te dizer que sei bem o quanto desesperante é uma situação destas… Mas eu sei que mesmo quando as forças nos falham, damos sempre o melhor de nós como mães!!!! Beijinhos grandes e força 😉

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